domingo, 1 de maio de 2011

Limites da Sedução [Parte 2]

-Mas… - tentei contrapor.
-Shhhhh. – Fez-me sinal de silêncio. – Não tens razão, não tentes ganhá-la quando não a tens… Sabes? Poderia dizer que eras apenas mais uma peça vulgar mas aí estaria a rebaixar-te ao nível dos outros, és mais do que isso, és a rainha deste jogo de xadrez e com as tuas atitudes, com as tuas “jogadas” quase punhas o rei em xeque!
Uma lágrima solitária rolou-me pela face, quando o sermão cessou, e parou na mão dele, nem sei porque chorava… Seria este o peso da desilusão? A culpa que sentimos quando desiludimos alguém de que gostamos tanto… Sem nenhum aviso, sem qualquer tipo de sinal senti a mão dele a aproximar lentamente a minha cara e passado uns segundos tive o prazer de sentir os lábios de Akira colados aos meus… O meu coração acelerara e todo o meu corpo se aqueceu, os lábios dele estavam tão quentes… tão doces… tão apaixonantes... e eu estava tão presa a ele… Ele beijava-me duma maneira que me seduzia, me tirava as forças e colocava totalmente a sua mercê. Mas perguntava-me… Que pretenderia ele com aquilo?
Levou a boca ao meu ouvido e murmurou numa voz sedutora tão própria dele:
-Faz as tuas malas. Tens uma hora para deixar esta casa…
Ele permaneceu agarrado a mim, com uma mão na cintura e outra na nuca, enquanto eu estava em choque! Esperava ouvir outra coisa, outras palavras com outra sonoridade, mas quando ouvi aquelas o meu coração falhou uma batida e quase ameaçou saltar-me do peito, senti-me atordoada, tonta… Estava a ser expulsa de casa pelo rapaz que um dia dissera proteger-me, pelo rapaz que um dia dissera não me deixar sozinha após a morte do meu irmão, pelo mesmo rapaz que estava agora mesmo a minha frente agarrado a mim num misto de prazer e sedução.
-O quê? – interroguei ainda prisioneiras dos seus braços.
-É exactamente o que ouviste… - continuou em voz calma e sensual, tentando enrolar-me em cada palavra, como só ele sabia fazer. – Se não saíres serei obrigado a tomar… - hesitou um pouco. – medidas mais drásticas.
Algumas lágrimas teimavam em vidrar-me os olhos mas tinha de ser forte… Não podia mostrar o quão dependente estava.
-Mas… Mas… - tentei expressar algo que mostrasse o meu desagrado, a minha discordância mas estava totalmente bloqueada… Aquela seria uma jogada inteligente, uma jogada perfeita, se não fosse contra uma peça do mesmo campo de batalha. – Para onde irei? Não tenho casa… Vais-me deixar na rua? – esforcei-me para demonstrar o meu desespero.
-Para onde vais? – repetiu ele com um certo tom irónico. – Não sei nem me interessa querida. – sussurrou ao meu ouvido antes de me largar e se afastar.
Deslocou-se até a outra ponta do quarto, ao pé da porta, e parou para me mirar mais uma vez.

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