Jelle saiu pela porta, fechando-a atrás de si com um estrondo… Sentei-me no sofá, estática… Sem uma única reacção. Parecia que me tinham arrancado o coração ou qualquer capacidade de sentir… sim, tinham-me arrancado o coração e tinham-no pisado! Atirado contra uma parede… Tinham-no queimado… Tinham feito todo o tipo de barbaridades com ele… Depois devolveram-mo… Mas ele já não era o mesmo… Tinha tantas cicatrizes, ainda sangue saía pelos cortes… Ele voltou feito num farrapo… Aliás… nessa altura questionei-me se o meu coração teria mesmo voltado… Se não teria ficado com o Jelle, para ele na primeira oportunidade o deitar fora… Tentava pensar racionalmente mas nada parecia resultar. Mas quem era ele para me rejeitar daquela forma? Encostei-me para trás e fechei os olhos… Relembrava toda a alegria que tinha sentido quando o encontrei no meu regresso para Amesterdão, o quão chegados éramos e o quando chegados estávamos. Se ao menos a Lori não existisse… Se ao menos a Lori não existisse… Fiquei presa nesse pensamento, continuava a questionar-me como teria sido as nossas vidas se ela não existisse, se tivesse ficado em Espanha e nunca tivesse entrado na vida do Jelle… Nessa altura comecei a cometer o maior erro que podia ter feito. Na minha cabeça a culpada de toda a situação era ela, culpava-a por todo o mal que me tinha acontecido, culpava-a por o Jelle não estar comigo, culpava-a por ter entrado na nossa vida… “Mas que vida?” pensei eu… Quem queria enganar? Jelle tinha razão, nunca houvera um Nós…
Agora consigo ver o quão errada estava, consigo aperceber-me do mal que fiz a toda a gente e penso que o melhor seria mesmo se eu não tivesse entrado na vida deles… Existem muitos dias de que me arrependo, muitos caminhos que mais tarde teria preferido não escolher, mas nunca me arrependi tanto de uma acção que parecia tão natural e justa.
Levantei-me do sofá e apressei o passo até ao meu quarto, abri o cofre e tirei de lá a arma que o meu pai me tinha dado, era uma brilhante Ares Light Fire 70, bonita, praticamente nova… Possuía apenas duas balas… Escondia nas calças e saí de casa…
Sinceramente dava tudo para apagar esse dia, vi a raiva na cara do Jelle, a raiva dele, o nojo que ele sentia… Consegui sentir isso tudo quando ele soube da situação e me foi confrontar… Afinal de contas perdi-o na mesma, tudo foi em vão pois talvez não estivéssemos destinados a estar juntos… Mas ele e a Lori estavam, eles estavam tão felizes, tão sorridentes… Demorou-me bastante tempo para aceitar tudo o que tinha acontecido, os meus erros, a efectivamente admitir que tinha errado, pois na minha cabeça eu apenas estava a castigar a causadora de toda a minha dor, esquecendo-me que se calhar a única causadora do meu sofrimento era eu mesma… Custou-me admitir que no fundo se calhar teria só inveja da felicidade que ambos partilhavam… Aquela felicidade que se sente quando se encontra aquela pessoa especial com quem queremos passar o resto da nossa vida! Se calhar apenas tinha inveja de eu ter de refazer a minha vida após uma temporada fora e ele já ter a dele feita… Se calhar tinha medo de falhar ao refazer da minha vida…
A única coisa que tenho a certeza, que me é tão clara como água, é que nesse dia eu preferiria ter gasto as duas balas comigo e não com a Lori…
domingo, 1 de maio de 2011
Limites da Obsessão [Parte 4 - FIM]
Limites da Obsessão [Parte 3]
-Quando tempo falta para a Lori se ir embora? – Senti o coração dele dar um pulo.
-Embora? – perguntou ele como se tivesse sido apanhado de surpresa.
-Da nossa vida… - A voz falhou-me. – Para finalmente ficarmos juntos. – respirei fundo, não conseguia bloquear aquele sentimento de arrependimento que me começava a toldar o pensamento.
-Aaghie…- murmurou ele – Acho que precisamos de esclarecer umas coisas. – a voz dele tinha mudado de tom e os seus braços já não estavam a minha volta, o medo começou a apoderar-se de mim… Ele levantou-se e fitou-me enquanto eu permanecia gelada no sofá. Tinha um pressentimento estranho, um nó no estômago que me indicava que algo estava errado.
-Eu não vou deixar a Lori. – disse ele firmemente, como se estivesse absolutamente certo daquilo que queria.
-Não vais agora certo? Mas mais tarde… Talvez quando perceberes que só queres estar mesmo comigo e q-q-quando ela voltar para Espanha… - comecei a gaguejar, a tremer… Estava a começar a ficar desorientada, com a racionalidade toldada.
-Não! Não vou deixá-la!
-Mas porquê? – gritei eu, não consegui evitar ficar exaltada. – Que tem ela de tão importante para ti? Que é que ela tem que eu não tenho Jelle?! Diz-me! – tremia cada vez mais, já me tinha levantado do sofá num ímpeto de raiva, para ficar mais ao nível dos olhos dele.
-Tu é que não consegues perceber as coisas! Não consegues distinguir algo sério de algo que é apenas por diversão! Lê os meus lábios Aaghie! Eu não vou deixar a Lori! Muito menos por causa de ti!
-Mas tu disseste-me… Tu prometeste-me! – os meus olhos começaram a encher-se de lágrimas. – Tu prometeste Jelle! – gritei sem pensar.
-Eu nunca diria isso! Nunca! Por isso pára de me tentar manipular com os teus jogos! – a voz dele elevara-se acima da minha, eu esforçava-me para segurar as lágrimas. O meu cérebro estava completamente bloqueado e não conseguia raciocinar correctamente.
-Disseste na outra noite… - murmurei fitando o chão.
-Provavelmente estava bêbado Aaghie! Mas será que tu não percebes? – Jelle gritou olhando-me nos olhos. Não consegui conter mais as lágrimas.
-Não! Não! Não estavas! – recusava-me a aceitar. – Disseste que me amavas! Nós estávamos juntos e tão felizes! Porque é que mudaste de repente?
-Nós? Nunca houve um Nós para começar… E estávamos bem até começares com a tua paranóia e as tuas obsessões doentias! Elas destruíram tudo o que eu sentia ao estar contigo! Alegria, prazer, mas uma coisa te garanto… Algo que nunca senti foi amor! Até a última réstia de amizade que eu tinha por ti conseguiste sufocar! – duas grossas lágrimas escorreram-me pela cara, os olhos dele trespassavam-me quais navalhas afiadas, sentia toda a sua raiva, a sua frieza… nada conseguiria trazê-lo de volta… - Aaghie… Eu e a Lori estamos noivos…
Num ápice senti todo o meu mundo a desmoronar-se como um castelo de areia levado pelo mar. Parecia que tinha levado um balde de água fria com o balde e tudo… Senti-me bloqueada, sem reacção… Só queria esconder a cara e chorar. Sinceramente não queria acreditar que isto estava a acontecer, sentia-me tão usada, tão magoada…. Senti a raiva dominar-me, já não estava em mim… Fiz uma pausa, ponderei no que ia dizer, respirei fundo.
-Então diz-me amor, meu querido, que diria a tua noiva se de repente descobrisse que tu tinhas outra namorada? – não pude evitar sorrir maliciosamente, estava tão cega pela rejeição que já nada me interessava.
-Tu não és, nem nunca foste minha namorada! – gritou ele com os olhos em chamas. – Aaghie digo-te uma última coisa… - Ele caminhou para a porta e abriu-a. – Se me estragares o casamento… - murmurou ele. – Eu mato-te! – Jelle preparou-se para sair.
-E se eu te matar primeiro? – murmurei num tom de voz doentio.
-Embora? – perguntou ele como se tivesse sido apanhado de surpresa.
-Da nossa vida… - A voz falhou-me. – Para finalmente ficarmos juntos. – respirei fundo, não conseguia bloquear aquele sentimento de arrependimento que me começava a toldar o pensamento.
-Aaghie…- murmurou ele – Acho que precisamos de esclarecer umas coisas. – a voz dele tinha mudado de tom e os seus braços já não estavam a minha volta, o medo começou a apoderar-se de mim… Ele levantou-se e fitou-me enquanto eu permanecia gelada no sofá. Tinha um pressentimento estranho, um nó no estômago que me indicava que algo estava errado.
-Eu não vou deixar a Lori. – disse ele firmemente, como se estivesse absolutamente certo daquilo que queria.
-Não vais agora certo? Mas mais tarde… Talvez quando perceberes que só queres estar mesmo comigo e q-q-quando ela voltar para Espanha… - comecei a gaguejar, a tremer… Estava a começar a ficar desorientada, com a racionalidade toldada.
-Não! Não vou deixá-la!
-Mas porquê? – gritei eu, não consegui evitar ficar exaltada. – Que tem ela de tão importante para ti? Que é que ela tem que eu não tenho Jelle?! Diz-me! – tremia cada vez mais, já me tinha levantado do sofá num ímpeto de raiva, para ficar mais ao nível dos olhos dele.
-Tu é que não consegues perceber as coisas! Não consegues distinguir algo sério de algo que é apenas por diversão! Lê os meus lábios Aaghie! Eu não vou deixar a Lori! Muito menos por causa de ti!
-Mas tu disseste-me… Tu prometeste-me! – os meus olhos começaram a encher-se de lágrimas. – Tu prometeste Jelle! – gritei sem pensar.
-Eu nunca diria isso! Nunca! Por isso pára de me tentar manipular com os teus jogos! – a voz dele elevara-se acima da minha, eu esforçava-me para segurar as lágrimas. O meu cérebro estava completamente bloqueado e não conseguia raciocinar correctamente.
-Disseste na outra noite… - murmurei fitando o chão.
-Provavelmente estava bêbado Aaghie! Mas será que tu não percebes? – Jelle gritou olhando-me nos olhos. Não consegui conter mais as lágrimas.
-Não! Não! Não estavas! – recusava-me a aceitar. – Disseste que me amavas! Nós estávamos juntos e tão felizes! Porque é que mudaste de repente?
-Nós? Nunca houve um Nós para começar… E estávamos bem até começares com a tua paranóia e as tuas obsessões doentias! Elas destruíram tudo o que eu sentia ao estar contigo! Alegria, prazer, mas uma coisa te garanto… Algo que nunca senti foi amor! Até a última réstia de amizade que eu tinha por ti conseguiste sufocar! – duas grossas lágrimas escorreram-me pela cara, os olhos dele trespassavam-me quais navalhas afiadas, sentia toda a sua raiva, a sua frieza… nada conseguiria trazê-lo de volta… - Aaghie… Eu e a Lori estamos noivos…
Num ápice senti todo o meu mundo a desmoronar-se como um castelo de areia levado pelo mar. Parecia que tinha levado um balde de água fria com o balde e tudo… Senti-me bloqueada, sem reacção… Só queria esconder a cara e chorar. Sinceramente não queria acreditar que isto estava a acontecer, sentia-me tão usada, tão magoada…. Senti a raiva dominar-me, já não estava em mim… Fiz uma pausa, ponderei no que ia dizer, respirei fundo.
-Então diz-me amor, meu querido, que diria a tua noiva se de repente descobrisse que tu tinhas outra namorada? – não pude evitar sorrir maliciosamente, estava tão cega pela rejeição que já nada me interessava.
-Tu não és, nem nunca foste minha namorada! – gritou ele com os olhos em chamas. – Aaghie digo-te uma última coisa… - Ele caminhou para a porta e abriu-a. – Se me estragares o casamento… - murmurou ele. – Eu mato-te! – Jelle preparou-se para sair.
-E se eu te matar primeiro? – murmurei num tom de voz doentio.
Limites da Obcessão [Parte 2]
Quando dei por mim já a garrafa jazia ao meu lado no sofá, tombada para o lado, enquanto eu dava o último gole de vinho esperando desesperadamente que tal bebida limpasse a minha frustração obstinada. Perguntava-me, naquele preciso momento, a razão da existência de Lori na vida dele. Porquê? Nós podíamos ser tão felizes se não houvesse aquela rapariguinha no meio! Aquela criatura de palmo e meio que gostava muito de brincar as senhoras crescidas, erguendo-se nos seus saltos altos de 10cm quando ela própria não media mais de metro e meio. Usava o seu cabelo preto escorrido com uma franjinha de boneca sobre os olhos… Começava a sentir as pálpebras pesadas do álcool, tudo tinha abrandando a um ritmo quase sobrenatural e, apesar de tudo ter começado a parecer melhor, não conseguia tirar Lori da cabeça! Queria que ela desaparecesse, queria estalar os dedos e vê-la evaporar-se no ar, queria ser feliz junto do homem que amava. Segundo Jelle ela acabaria por se ir embora, ia voltar para Espanha após terminar a faculdade… Mas admitamos que isso não iria propriamente acontecer no dia seguinte! Recordei-me inevitavelmente de uma conversa que tinha tido com Jelle umas semanas atrás.
Ambos estávamos sentados no sofá, os braços dele prendiam-se à volta dos meus ombros.
“Amo-te…” sussurrara ele ao meu ouvido. “Também te amo meu doce… Diz-me uma coisa… Quando é que vou deixar de te partilhar com a Lori?” dissera eu fitando os seus grandes olhos azuis. “Esse dia está quase a chegar linda…” respondera ele, finalizando após um beijo “Eu largaria qualquer coisa por ti!” “Asério?” se não estivesse tão cega ter-me-ia surpreendido com a minha própria ingenuidade. “A sério meu amor…” ele afagava-me o cabelo enquanto me beijava o pescoço…
O resto da memória já estava turva, aliás, já tudo era turvo à minha vista, mirei pela janela. O rio Amstel corria perante os meus olhos numa rapidez fugaz, via as árvores agitadas serem chicoteadas pelo vento violento. Na minha cabeça as cores já se misturavam, os salpicos florais que repousavam no leito do rio não eram mais que meros pontos na tela distorcida que era a minha mente. Os meus olhos ameaçavam fechar. Recuei uns passos e tombei no sofá, imóvel. Apaguei…
Comecei a ouvir um barulho ao longe, a chamar-me, a arrastar-me lentamente para a realidade. Tinha caído num sono profundo por efeito do álcool, olhei para o relógio, não tinha dormido mais de duas horas e acordei com a campainha a tocar. Levantei-me relutantemente, deambulei até à porta arrastando os pés pelo chão. Bateram à porta.
“Aaghie…?” ouvi chamar do lado de fora da porta. Era a voz do Jelle… Estremeci perante a minha conclusão.
Esforcei-me por ficar, ou ao menos parecer, sóbria o suficiente para encarar Jelle apesar de ainda sentir a cabeça a latejar. Abri rápido a porta e ele entrou de rompante. Fechei a porta atrás dele e mirei-o de alto a baixo, aparentemente ele estava a fazer o mesmo. Pisquei os olhos num segundo e no outro estava a sentir o calor do corpo dele contra o meu, os seus braços envolviam-me carinhosamente num abraço apertado.
-Eu não te ando a evitar bebe. – sussurrou ele ao meu ouvido. O meu coração falhou uma batida e senti um arrepio percorrer-me as costas.
-Não atendias… Pensei nisso… Desculpa ter ideias tão parvas! E desculpa ter ligado à Lori… - Ele afagou-me a cabeça e pressionou-a contra o seu peito. – Desculpa… - murmurei novamente.
-Shhhhh… Já passou meu amor. – ele encaminhou-se para o sofá e sentamo-nos, recostei-me entre os seus braços.
-Amor? – ele acariciava-me a cara de um modo doce e suave que me transportava para outra dimensão, isso mais o efeito do álcool começava a deixar-me numa espécie de transe.
-Sim Aaghie…
Ambos estávamos sentados no sofá, os braços dele prendiam-se à volta dos meus ombros.
“Amo-te…” sussurrara ele ao meu ouvido. “Também te amo meu doce… Diz-me uma coisa… Quando é que vou deixar de te partilhar com a Lori?” dissera eu fitando os seus grandes olhos azuis. “Esse dia está quase a chegar linda…” respondera ele, finalizando após um beijo “Eu largaria qualquer coisa por ti!” “Asério?” se não estivesse tão cega ter-me-ia surpreendido com a minha própria ingenuidade. “A sério meu amor…” ele afagava-me o cabelo enquanto me beijava o pescoço…
O resto da memória já estava turva, aliás, já tudo era turvo à minha vista, mirei pela janela. O rio Amstel corria perante os meus olhos numa rapidez fugaz, via as árvores agitadas serem chicoteadas pelo vento violento. Na minha cabeça as cores já se misturavam, os salpicos florais que repousavam no leito do rio não eram mais que meros pontos na tela distorcida que era a minha mente. Os meus olhos ameaçavam fechar. Recuei uns passos e tombei no sofá, imóvel. Apaguei…
Comecei a ouvir um barulho ao longe, a chamar-me, a arrastar-me lentamente para a realidade. Tinha caído num sono profundo por efeito do álcool, olhei para o relógio, não tinha dormido mais de duas horas e acordei com a campainha a tocar. Levantei-me relutantemente, deambulei até à porta arrastando os pés pelo chão. Bateram à porta.
“Aaghie…?” ouvi chamar do lado de fora da porta. Era a voz do Jelle… Estremeci perante a minha conclusão.
Esforcei-me por ficar, ou ao menos parecer, sóbria o suficiente para encarar Jelle apesar de ainda sentir a cabeça a latejar. Abri rápido a porta e ele entrou de rompante. Fechei a porta atrás dele e mirei-o de alto a baixo, aparentemente ele estava a fazer o mesmo. Pisquei os olhos num segundo e no outro estava a sentir o calor do corpo dele contra o meu, os seus braços envolviam-me carinhosamente num abraço apertado.
-Eu não te ando a evitar bebe. – sussurrou ele ao meu ouvido. O meu coração falhou uma batida e senti um arrepio percorrer-me as costas.
-Não atendias… Pensei nisso… Desculpa ter ideias tão parvas! E desculpa ter ligado à Lori… - Ele afagou-me a cabeça e pressionou-a contra o seu peito. – Desculpa… - murmurei novamente.
-Shhhhh… Já passou meu amor. – ele encaminhou-se para o sofá e sentamo-nos, recostei-me entre os seus braços.
-Amor? – ele acariciava-me a cara de um modo doce e suave que me transportava para outra dimensão, isso mais o efeito do álcool começava a deixar-me numa espécie de transe.
-Sim Aaghie…
Limites da Obsessão [Parte1]
Finalmente os dias haviam melhorado, tudo estava com mais cor… Não sei se isso se devia a chegada tardia da Primavera, já em meados de Abril, ou ao facto de estar de volta ao sítio onde tudo na minha vida tinha começado. Amesterdão fora o inicio e seria o final da minha vida. Ao menos queria acreditar que assim seria, que mesmo que viajasse para longe e fizesse a minha carreira noutro lugar iria voltar, no leito da minha velhice para mais uma vez ver as túlipas a desabrocharem junto aqueles moinhos tão serenos. Passaram dois anos desde que tinha partido para Nova York, exactamente dois anos, nem mais nem menos… Fiz um mestrado na minha área de design e estava só à espera da minha oportunidade para iniciar a minha carreira. Continuei a minha caminhada pela beira do rio, as árvores eram as mesmas, as casas eram as mesmas… as pessoas eram tão diferentes, nem uma cara conhecida no meio daquela multidão apressada num compasso irritantemente alegre. Naquela altura em que estava de volta ao sítio que detinha toda a minha alma nada me impediria de ser feliz…
*Piiiiiiiip… Piiiiiiiiiiip*
“Chegou à caixa de correio de…”
Apressei-me a desligar o telemóvel assim que este chegou ao voice mail… Ele já devia ter no mínimo cerca de sete chamadas minhas. Pus o telemóvel de parte e sentei-me no sofá mirando a cidade pela janela. Nunca me cansava de galar a paisagem com os olhos, devorava cada cor, cada sensação com uma tentadora malícia de desejo, procurando tirar partido de todos os meus sentidos e experiências. Naquele momento encontrava-me num pequeno apartamento no centro de Amesterdão, tinha apenas um quarto, uma cozinha, uma sala… Enfim, tudo o que eu precisava para ter uma vida dentro das minhas expectativas. Algo que a minha mãe não compreendeu, mas que para mim parecia bastante óbvio, era o meu desejo de independência após o estágio no estrangeiro, queria retomar a minha vida, ou melhor, começar uma vida nova, longe de problemas, onde me pudesse sentir realizada e feliz.
Peguei novamente no telemóvel e voltei a inevitavelmente marcar o número dele…
-Atende Jelle… - murmurei impaciente.
“Chegou à caixa de correio de… Jelle van Heck” – Estremeci ao ouvir o nome dele. “Deixe a sua mensagem a seguir ao sinal”
Fui apoderada pela indecisão… Deveria deixar mensagem ou não? -Olá Jelle… Sou eu, a Aaghie… Como não disseste mais nada eu fiquei preocupada! Liga-me assim que ouvires esta mensagem. Bem… Eu até já telefonei à Lori… Ela disse que tinha falado contigo…- fiz uma pausa enquanto raciocinava. – Andas a evitar-me Jelle? Desculpa a pergunta… Foi algo estúpido! Depois liga. Beijos! – desliguei o telemóvel. Odiava-me a mim mesma naquele preciso momento, não queria ter cedido daquela forma! Arrependi-me da mensagem de voz no segundo a seguir a ter desligado a chamada. Perguntava-me que iria ele pensar de mim depois de ouvir que até à Lori havia telefonado?! Levantei-me e percorri o chão de madeira envernizada da sala até à cozinha, algo estava bastante errado comigo, tão errado que parecia estar certo. Eu não tinha noção dos acontecimentos à minha volta por isso continuava feliz no meu mundo cor-de-rosa. Tirei do frigorifico uma sisuda garrafa de vinho verde, verti-o para um copo de pé alto e deambulei outra vez até à sala, caminhei até a janela e fiquei a fitar a paisagem. Encostei a anca à ombreira da janela rasgada até ao chão e por mais que tentasse não conseguia parar de pensar no Jelle, era como uma cicatriz na minha cabeça, uma memória vincada que teimava em permanecer pelo simples prazer de me atormentar. Dei mais um trago de vinho e comecei a questionar-me outra vez, de uma forma frustrada e derrotista, o porquê de ter falado sobre a Lori naquela mensagem. Aliás, a situação mais preocupante não era o facto de a ter mencionado, mas sim ter efectivamente falado com ela. Essas minhas acções precipitadas deixavam-me ainda mais furiosa comigo mesma. Após ter acabado aquele copo de vinho, fui até à cozinha propositadamente para o encher outra vez…
*Piiiiiiiip… Piiiiiiiiiiip*
“Chegou à caixa de correio de…”
Apressei-me a desligar o telemóvel assim que este chegou ao voice mail… Ele já devia ter no mínimo cerca de sete chamadas minhas. Pus o telemóvel de parte e sentei-me no sofá mirando a cidade pela janela. Nunca me cansava de galar a paisagem com os olhos, devorava cada cor, cada sensação com uma tentadora malícia de desejo, procurando tirar partido de todos os meus sentidos e experiências. Naquele momento encontrava-me num pequeno apartamento no centro de Amesterdão, tinha apenas um quarto, uma cozinha, uma sala… Enfim, tudo o que eu precisava para ter uma vida dentro das minhas expectativas. Algo que a minha mãe não compreendeu, mas que para mim parecia bastante óbvio, era o meu desejo de independência após o estágio no estrangeiro, queria retomar a minha vida, ou melhor, começar uma vida nova, longe de problemas, onde me pudesse sentir realizada e feliz.
Peguei novamente no telemóvel e voltei a inevitavelmente marcar o número dele…
-Atende Jelle… - murmurei impaciente.
“Chegou à caixa de correio de… Jelle van Heck” – Estremeci ao ouvir o nome dele. “Deixe a sua mensagem a seguir ao sinal”
Fui apoderada pela indecisão… Deveria deixar mensagem ou não? -Olá Jelle… Sou eu, a Aaghie… Como não disseste mais nada eu fiquei preocupada! Liga-me assim que ouvires esta mensagem. Bem… Eu até já telefonei à Lori… Ela disse que tinha falado contigo…- fiz uma pausa enquanto raciocinava. – Andas a evitar-me Jelle? Desculpa a pergunta… Foi algo estúpido! Depois liga. Beijos! – desliguei o telemóvel. Odiava-me a mim mesma naquele preciso momento, não queria ter cedido daquela forma! Arrependi-me da mensagem de voz no segundo a seguir a ter desligado a chamada. Perguntava-me que iria ele pensar de mim depois de ouvir que até à Lori havia telefonado?! Levantei-me e percorri o chão de madeira envernizada da sala até à cozinha, algo estava bastante errado comigo, tão errado que parecia estar certo. Eu não tinha noção dos acontecimentos à minha volta por isso continuava feliz no meu mundo cor-de-rosa. Tirei do frigorifico uma sisuda garrafa de vinho verde, verti-o para um copo de pé alto e deambulei outra vez até à sala, caminhei até a janela e fiquei a fitar a paisagem. Encostei a anca à ombreira da janela rasgada até ao chão e por mais que tentasse não conseguia parar de pensar no Jelle, era como uma cicatriz na minha cabeça, uma memória vincada que teimava em permanecer pelo simples prazer de me atormentar. Dei mais um trago de vinho e comecei a questionar-me outra vez, de uma forma frustrada e derrotista, o porquê de ter falado sobre a Lori naquela mensagem. Aliás, a situação mais preocupante não era o facto de a ter mencionado, mas sim ter efectivamente falado com ela. Essas minhas acções precipitadas deixavam-me ainda mais furiosa comigo mesma. Após ter acabado aquele copo de vinho, fui até à cozinha propositadamente para o encher outra vez…
Sem Nome
Passou exactamente 10 anos desde que te conheci. Doce veneno que os meus lábios teimam incessantemente em provar cada noite que passa. Sempre achei engraçada a forma permanente que “o amor” ganhou quando saído do teu coração, aquela forma obscura e tempestuosa que só se da a conhecer quando já se provou o interior, quando já se chegou ao caroço, tal qual um pêssego demasiado maduro caído duma árvore numa tarde de Outono. Apodrece por dentro mantendo o sumarento aspecto dourado perante os olhos alheios. Alguém, na sua ingenuidade apaixonada, o colhe do chão onde padece e o guarda no regaço, despojando-se de outros frutos para preservar o delicioso pêssego pintado com as cores do Sol. A doce camponesa, na ignorância da tenra idade, leva-o para casa, acolhe-o e prepara-se para o provar. Num remoinho de sensações, o doce aroma e o virtuoso aspecto induzem em erro quem de olhos fica preso em tal tesouro. (…)
Limites da Sedução [Parte 3 - FIM]
-Uma hora. – repetiu Akira para me fazer entender que se dentro do tempo estabelecido não estivesse na rua seria mau para o meu lado….
-É assim que cumpres o que dizes? – comecei sem controlo na voz. – Quando prometeste que estarias sempre comigo, que me acolhias em tua ca…
-Nem continues! – gritou ele. – Não acabes essas frases Kaori, olha que ainda te podes vir a arrepender delas. O teu irmão está morto, tu és maior e vacinada e agora faz-me um favor e põe-te a andar desta casa! Desaparece de uma vez… - a agressividade da voz voltara e eu sentia-me outra vez prestes a sucumbir… como podia alguém ser tão frio, tão insensível…
Akira agarrou no seu casaco e saiu do meu quarto com uma rapidez alucinante, a raiva que agora sentia era a mistura do que eu lhe dissera com as suas próprias decisões… Encostei-me a parede e deslizei, deixei-me cair até embater no chão, puxei as pernas ao peito e não consegui evitar as lágrimas, aquelas pérolas transparentes que me caiam cada vez que ele me magoava, estava com dificuldade a respirar e doía-me a cabeça de tanto barulho a que tinha estado exposta. Estava num daqueles momentos em que o mundo parecia cair-me em cima, onde apenas a solidão consolava o meu coração que gritava em espasmos ritmados o nome dele… Respirei fundo, teria de ser mais forte! Ver para além do que os olhos me mostravam, sonhar para além da minha consciência… Limpei as lágrimas e fitei a lua que se erguia alta no céu, observei-a algum tempo no silêncio obscuro da noite e só me levantei quando ganhei forças para começar a fazer a mala… Iria ser mais forte que isto!
Penosamente retirava todos os meus pertences, que não eram muitos, das gavetas, armários e prateleiras, limitei-me a preparar apenas roupa para levar, também tinha as minhas estratégias e um dia ainda voltaria para aquela casa, um dia seria ele a sucumbir a mim, um dia seria ele a morrer de desejo de me tocar… Não sei quando mas um dia…
Passara uma hora e tudo o que me pertencia e me fazia falta estava arrumado dentro da mala, preparei-me para sair… Caminhei até a porta da saída e na sala vi o Akira à janela, observando algo com um olhar distante, fixei-o de modo a chamar a sua atenção mas sem sucesso, ele apenas olhou com a alma vazia e fria, digamos congelada, e voltou novamente os olhos para a janela. Sentia-me tão frustrada! Como se estivesse a perder uma batalha, totalmente humilhada, fracassada… Sem qualquer alegria. Abri a porta num ápice e fechei-a atrás de mim com força, como se estivesse a descarregar tudo nela, como se libertasse toda a minha raiva, toda a minha fúria e consequentemente toda a minha tristeza. Sai a porta do prédio e foi nessa altura que comecei a vaguear sem destino pelas ruas de Tóquio. Ainda era assolada por várias preocupações, e, mais grave ainda, por imagens do Akira ao meu lado. Imagens dele do género de flashback a passar na minha mente e a torturarem-me com aquelas memórias que tanto me seduziam…
Observei o meu relógio… Uma da manhã… Nesta altura comecei a pensar onde iria passar a noite, em que beco escuro, em que vão de escada, ou debaixo de que ponte… Nesta altura comecei a ficar seriamente preocupada com o sitio para onde ia…
-É assim que cumpres o que dizes? – comecei sem controlo na voz. – Quando prometeste que estarias sempre comigo, que me acolhias em tua ca…
-Nem continues! – gritou ele. – Não acabes essas frases Kaori, olha que ainda te podes vir a arrepender delas. O teu irmão está morto, tu és maior e vacinada e agora faz-me um favor e põe-te a andar desta casa! Desaparece de uma vez… - a agressividade da voz voltara e eu sentia-me outra vez prestes a sucumbir… como podia alguém ser tão frio, tão insensível…
Akira agarrou no seu casaco e saiu do meu quarto com uma rapidez alucinante, a raiva que agora sentia era a mistura do que eu lhe dissera com as suas próprias decisões… Encostei-me a parede e deslizei, deixei-me cair até embater no chão, puxei as pernas ao peito e não consegui evitar as lágrimas, aquelas pérolas transparentes que me caiam cada vez que ele me magoava, estava com dificuldade a respirar e doía-me a cabeça de tanto barulho a que tinha estado exposta. Estava num daqueles momentos em que o mundo parecia cair-me em cima, onde apenas a solidão consolava o meu coração que gritava em espasmos ritmados o nome dele… Respirei fundo, teria de ser mais forte! Ver para além do que os olhos me mostravam, sonhar para além da minha consciência… Limpei as lágrimas e fitei a lua que se erguia alta no céu, observei-a algum tempo no silêncio obscuro da noite e só me levantei quando ganhei forças para começar a fazer a mala… Iria ser mais forte que isto!
Penosamente retirava todos os meus pertences, que não eram muitos, das gavetas, armários e prateleiras, limitei-me a preparar apenas roupa para levar, também tinha as minhas estratégias e um dia ainda voltaria para aquela casa, um dia seria ele a sucumbir a mim, um dia seria ele a morrer de desejo de me tocar… Não sei quando mas um dia…
Passara uma hora e tudo o que me pertencia e me fazia falta estava arrumado dentro da mala, preparei-me para sair… Caminhei até a porta da saída e na sala vi o Akira à janela, observando algo com um olhar distante, fixei-o de modo a chamar a sua atenção mas sem sucesso, ele apenas olhou com a alma vazia e fria, digamos congelada, e voltou novamente os olhos para a janela. Sentia-me tão frustrada! Como se estivesse a perder uma batalha, totalmente humilhada, fracassada… Sem qualquer alegria. Abri a porta num ápice e fechei-a atrás de mim com força, como se estivesse a descarregar tudo nela, como se libertasse toda a minha raiva, toda a minha fúria e consequentemente toda a minha tristeza. Sai a porta do prédio e foi nessa altura que comecei a vaguear sem destino pelas ruas de Tóquio. Ainda era assolada por várias preocupações, e, mais grave ainda, por imagens do Akira ao meu lado. Imagens dele do género de flashback a passar na minha mente e a torturarem-me com aquelas memórias que tanto me seduziam…
Observei o meu relógio… Uma da manhã… Nesta altura comecei a pensar onde iria passar a noite, em que beco escuro, em que vão de escada, ou debaixo de que ponte… Nesta altura comecei a ficar seriamente preocupada com o sitio para onde ia…
Limites da Sedução [Parte 2]
-Mas… - tentei contrapor.
-Shhhhh. – Fez-me sinal de silêncio. – Não tens razão, não tentes ganhá-la quando não a tens… Sabes? Poderia dizer que eras apenas mais uma peça vulgar mas aí estaria a rebaixar-te ao nível dos outros, és mais do que isso, és a rainha deste jogo de xadrez e com as tuas atitudes, com as tuas “jogadas” quase punhas o rei em xeque!
Uma lágrima solitária rolou-me pela face, quando o sermão cessou, e parou na mão dele, nem sei porque chorava… Seria este o peso da desilusão? A culpa que sentimos quando desiludimos alguém de que gostamos tanto… Sem nenhum aviso, sem qualquer tipo de sinal senti a mão dele a aproximar lentamente a minha cara e passado uns segundos tive o prazer de sentir os lábios de Akira colados aos meus… O meu coração acelerara e todo o meu corpo se aqueceu, os lábios dele estavam tão quentes… tão doces… tão apaixonantes... e eu estava tão presa a ele… Ele beijava-me duma maneira que me seduzia, me tirava as forças e colocava totalmente a sua mercê. Mas perguntava-me… Que pretenderia ele com aquilo?
Levou a boca ao meu ouvido e murmurou numa voz sedutora tão própria dele:
-Faz as tuas malas. Tens uma hora para deixar esta casa…
Ele permaneceu agarrado a mim, com uma mão na cintura e outra na nuca, enquanto eu estava em choque! Esperava ouvir outra coisa, outras palavras com outra sonoridade, mas quando ouvi aquelas o meu coração falhou uma batida e quase ameaçou saltar-me do peito, senti-me atordoada, tonta… Estava a ser expulsa de casa pelo rapaz que um dia dissera proteger-me, pelo rapaz que um dia dissera não me deixar sozinha após a morte do meu irmão, pelo mesmo rapaz que estava agora mesmo a minha frente agarrado a mim num misto de prazer e sedução.
-O quê? – interroguei ainda prisioneiras dos seus braços.
-É exactamente o que ouviste… - continuou em voz calma e sensual, tentando enrolar-me em cada palavra, como só ele sabia fazer. – Se não saíres serei obrigado a tomar… - hesitou um pouco. – medidas mais drásticas.
Algumas lágrimas teimavam em vidrar-me os olhos mas tinha de ser forte… Não podia mostrar o quão dependente estava.
-Mas… Mas… - tentei expressar algo que mostrasse o meu desagrado, a minha discordância mas estava totalmente bloqueada… Aquela seria uma jogada inteligente, uma jogada perfeita, se não fosse contra uma peça do mesmo campo de batalha. – Para onde irei? Não tenho casa… Vais-me deixar na rua? – esforcei-me para demonstrar o meu desespero.
-Para onde vais? – repetiu ele com um certo tom irónico. – Não sei nem me interessa querida. – sussurrou ao meu ouvido antes de me largar e se afastar.
Deslocou-se até a outra ponta do quarto, ao pé da porta, e parou para me mirar mais uma vez.
-Shhhhh. – Fez-me sinal de silêncio. – Não tens razão, não tentes ganhá-la quando não a tens… Sabes? Poderia dizer que eras apenas mais uma peça vulgar mas aí estaria a rebaixar-te ao nível dos outros, és mais do que isso, és a rainha deste jogo de xadrez e com as tuas atitudes, com as tuas “jogadas” quase punhas o rei em xeque!
Uma lágrima solitária rolou-me pela face, quando o sermão cessou, e parou na mão dele, nem sei porque chorava… Seria este o peso da desilusão? A culpa que sentimos quando desiludimos alguém de que gostamos tanto… Sem nenhum aviso, sem qualquer tipo de sinal senti a mão dele a aproximar lentamente a minha cara e passado uns segundos tive o prazer de sentir os lábios de Akira colados aos meus… O meu coração acelerara e todo o meu corpo se aqueceu, os lábios dele estavam tão quentes… tão doces… tão apaixonantes... e eu estava tão presa a ele… Ele beijava-me duma maneira que me seduzia, me tirava as forças e colocava totalmente a sua mercê. Mas perguntava-me… Que pretenderia ele com aquilo?
Levou a boca ao meu ouvido e murmurou numa voz sedutora tão própria dele:
-Faz as tuas malas. Tens uma hora para deixar esta casa…
Ele permaneceu agarrado a mim, com uma mão na cintura e outra na nuca, enquanto eu estava em choque! Esperava ouvir outra coisa, outras palavras com outra sonoridade, mas quando ouvi aquelas o meu coração falhou uma batida e quase ameaçou saltar-me do peito, senti-me atordoada, tonta… Estava a ser expulsa de casa pelo rapaz que um dia dissera proteger-me, pelo rapaz que um dia dissera não me deixar sozinha após a morte do meu irmão, pelo mesmo rapaz que estava agora mesmo a minha frente agarrado a mim num misto de prazer e sedução.
-O quê? – interroguei ainda prisioneiras dos seus braços.
-É exactamente o que ouviste… - continuou em voz calma e sensual, tentando enrolar-me em cada palavra, como só ele sabia fazer. – Se não saíres serei obrigado a tomar… - hesitou um pouco. – medidas mais drásticas.
Algumas lágrimas teimavam em vidrar-me os olhos mas tinha de ser forte… Não podia mostrar o quão dependente estava.
-Mas… Mas… - tentei expressar algo que mostrasse o meu desagrado, a minha discordância mas estava totalmente bloqueada… Aquela seria uma jogada inteligente, uma jogada perfeita, se não fosse contra uma peça do mesmo campo de batalha. – Para onde irei? Não tenho casa… Vais-me deixar na rua? – esforcei-me para demonstrar o meu desespero.
-Para onde vais? – repetiu ele com um certo tom irónico. – Não sei nem me interessa querida. – sussurrou ao meu ouvido antes de me largar e se afastar.
Deslocou-se até a outra ponta do quarto, ao pé da porta, e parou para me mirar mais uma vez.
Limites da Sedução [Parte 1]
Mirei a noite, tudo estava calmo e não se ouvia um único par de patins em rolamento… Nunca vi Tóquio tão silencioso e agora que penso nisso era um pouco assustador. Continuava de janela aberta, sentada no meu quarto observando a grande torre de Tóquio enquanto o meu cabelo era violentamente agitado pelo vento, tinha um pressentimento, um mau pressentimento e tudo porque tinha feito asneira... Tinha cometido um erro, um erro crucial que podia pôr em causa todos os planos de Akira, aqueles que ele demorara meses a preparar… Arruinei-os numa tarde por causa de uma perda de paciência e aguardava as consequências.
Ouvi a porta bater com alguma força e reparei logo que ele estava chateado… Entrou no meu quarto em brasa.
-Akira… - disse num fio de voz quando o vi.
-Cala-te! – ordenou em voz alta mal me deixando acabar.
Observei-o durante uns segundos, o cabelo vermelho parecia fogo aceso e o casaco castanho comprido que lhe assentava tão bem nos ombros fora violentamente atirado para cima da cama. Ele começou a avançar e parou mesmo perto de mim, cerca de 30cm de distância, sentia o cheiro dele, uma mistura suavemente agreste e sedutora de perfume Calvin Klein e um leve toque a queimado, notava-se que Akira tinha estado a exibir a sua alta categoria de Storm Rider1 e Flame King. Sentia também a sua aura, a raiva que transportava por mim e tudo isso estava a deixar-me um pouco assustada… De repente comecei a ter medo do que ele me pudesse querer fazer!
-Ha-haii… - murmurei.
Ele respirou bem fundo, como se esperasse acalmar-se antes de começar a falar, para não explodir de uma vez, e só depois de ter a certeza de estar bem controlado começou em tom severo:
-Pensas que isto é o quê? Uma brincadeira? Algo em que podes fazer o que queres e bem te apetece sem deveres cabeça a ninguém? Até me parece que não tens a mínima noção, a mínima consciência do que fizeste! – nesta altura começou a gritar comigo, ele perdera totalmente a calma! – Ages por conta própria! Não ligas ao que te dizem nem ao que te ordenam!
Os punhos dele estavam cerrados, a voz dele tornara-se tão agressiva que quase não conseguia suportar… Fechei os olhos perante os gritos e baixei a cabeça. Sentia-me uma autêntica criança a ser repreendida por algo de que dizia não ter culpa, mesmo sabendo que a tinha e apenas confiando na minha inocência para o provar.
-Põe-te no teu lugar! – continuou ainda um pouco exaltado. – E esse lugar é quietinha a fazer o que é da tua competência, não é a arranjar problemas, brigas e a destruir os meus planos! É assim tão complicado entender isto? Faz um favor a ti própria a deixa de ser tão infantil! – Akira levantou a mão e por momentos pensei que me ia bater, pensei que me ia dar uma estalada ou algo do género como castigo pelos meus erros mas enganara-me, acariciou-me a face com a mão quente e deixou-a ficar… Senti um arrepio perante o seu toque. Ele prosseguiu mais calmo. – Sei que é difícil ouvir isto tudo mas tens de aceitar… És apenas uma peça Kaori… - coloquei a mão sobre a dele, na minha face, para ele não a retirar.
Ouvi a porta bater com alguma força e reparei logo que ele estava chateado… Entrou no meu quarto em brasa.
-Akira… - disse num fio de voz quando o vi.
-Cala-te! – ordenou em voz alta mal me deixando acabar.
Observei-o durante uns segundos, o cabelo vermelho parecia fogo aceso e o casaco castanho comprido que lhe assentava tão bem nos ombros fora violentamente atirado para cima da cama. Ele começou a avançar e parou mesmo perto de mim, cerca de 30cm de distância, sentia o cheiro dele, uma mistura suavemente agreste e sedutora de perfume Calvin Klein e um leve toque a queimado, notava-se que Akira tinha estado a exibir a sua alta categoria de Storm Rider1 e Flame King. Sentia também a sua aura, a raiva que transportava por mim e tudo isso estava a deixar-me um pouco assustada… De repente comecei a ter medo do que ele me pudesse querer fazer!
-Ha-haii… - murmurei.
Ele respirou bem fundo, como se esperasse acalmar-se antes de começar a falar, para não explodir de uma vez, e só depois de ter a certeza de estar bem controlado começou em tom severo:
-Pensas que isto é o quê? Uma brincadeira? Algo em que podes fazer o que queres e bem te apetece sem deveres cabeça a ninguém? Até me parece que não tens a mínima noção, a mínima consciência do que fizeste! – nesta altura começou a gritar comigo, ele perdera totalmente a calma! – Ages por conta própria! Não ligas ao que te dizem nem ao que te ordenam!
Os punhos dele estavam cerrados, a voz dele tornara-se tão agressiva que quase não conseguia suportar… Fechei os olhos perante os gritos e baixei a cabeça. Sentia-me uma autêntica criança a ser repreendida por algo de que dizia não ter culpa, mesmo sabendo que a tinha e apenas confiando na minha inocência para o provar.
-Põe-te no teu lugar! – continuou ainda um pouco exaltado. – E esse lugar é quietinha a fazer o que é da tua competência, não é a arranjar problemas, brigas e a destruir os meus planos! É assim tão complicado entender isto? Faz um favor a ti própria a deixa de ser tão infantil! – Akira levantou a mão e por momentos pensei que me ia bater, pensei que me ia dar uma estalada ou algo do género como castigo pelos meus erros mas enganara-me, acariciou-me a face com a mão quente e deixou-a ficar… Senti um arrepio perante o seu toque. Ele prosseguiu mais calmo. – Sei que é difícil ouvir isto tudo mas tens de aceitar… És apenas uma peça Kaori… - coloquei a mão sobre a dele, na minha face, para ele não a retirar.
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Airplanes [Prologue part 2]
“You know that guy is no good!”
«Here we go again…» I though after his complaining.
“Dad! I’m going to New York with him!” I finally said wanting to finish all that fighting!
“No you ain’t!” he yelled.
“Dad… I’ve already sent the papers to New York fashion Institute… So I’m going…”
I looked at him coldly while he looked at the floor, he didn’t say a word. After a long break he said with sadness in his voice .
“Do what you want…” I started feeling guilty again “If you wanna go, just leave.” He continued. “But when you go just remember… I won’t take you back, I won’t take you as my daughter… If you leave don’t even bother coming back.” He was speaking his heart, so sure about that he was that I wouldn’t even put a question, he would never turn back in his words… He meant all that…
“Dad…” I said in the guiltiest voice I ever had.
“Just go to your room…”
“But…”
“Go!” he interrupted me yelling, and I just obeyed…
“Okay…” I said picking up my bag.
«Here we go again…» I though after his complaining.
“Dad! I’m going to New York with him!” I finally said wanting to finish all that fighting!
“No you ain’t!” he yelled.
“Dad… I’ve already sent the papers to New York fashion Institute… So I’m going…”
I looked at him coldly while he looked at the floor, he didn’t say a word. After a long break he said with sadness in his voice .
“Do what you want…” I started feeling guilty again “If you wanna go, just leave.” He continued. “But when you go just remember… I won’t take you back, I won’t take you as my daughter… If you leave don’t even bother coming back.” He was speaking his heart, so sure about that he was that I wouldn’t even put a question, he would never turn back in his words… He meant all that…
“Dad…” I said in the guiltiest voice I ever had.
“Just go to your room…”
“But…”
“Go!” he interrupted me yelling, and I just obeyed…
“Okay…” I said picking up my bag.
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Poem I

It’s your own sweet pain
I know you hold it very still
It drives you madly insane!
Deep inside
You buried her alive
Crawling over the floor
She wants always more…
More!
More!
More!
Fuck those demons
And again the scored!
The ghosts of living-dead memories
Scratch my back in my sleep
They keep showing,
They keep calling,
They keep screaming as I breathe!
My eyes wide opened
Try to see beyond the line
As my body become dust
As my blood become wine!
When I wake up
I’m still not me…
As you can notice,
As you can see…
I’m holding you still
I just can’t let go
After all I love you,
And that’s all I really know…
Even if I say no
I’m sure you’ll hold me tight
When the monsters come out
You’ll protect me at night…
At least I try to believe
In the words my mouth keeps saying
At least I try to remember
The silly looks of tender…
sábado, 19 de fevereiro de 2011
Airplanes [Prologue part 1]
“Good afternoon dad!” I said when I came back from school.
“Hey…” He said. I threw my bag to the couch and I sat beside him.
“Is everything okay?”
“What the fuck are those bags in your bed?!” he screamed.
«Holy Shit…» I thought, my dad was mad, very mad.
“Oh…” I started “I was planning to tell you…”
“When?!” he interrupted me “By the time you left home?” he punched the couch and I get up instantly. He was scaring me.
“No father… Today! I-I was just waiting to Gaara and Kankuro to arrive home…” my hands were shaking a little, I was nervous about his reaction.
“Tell me now… It’s better for you!” he said in a low tone while getting up of the sofa. I look him in the eyes and I said firmly.
“I’m going to New York.” My dad blinked twice.
“You what? Sorry but I didn’t hear it well…” I knew he was about to get mad, his pupils were in dilatation, he was becoming possessed by anger…
“I am going… to New York…” I repeated slowly.
“No way!” he yelled “There’s no way your going to New York! When had you decide that? Without even asking me for an opinion!”
“I started planning it a month ago…” I was terrified, my voice was trembling and so were my hands, they’re as cold as ice.
´”Stupid girl!” he cracked his fingers “Who do you think you are to take that kind of decisions? And let me guess! I almost know with who were you going with!” I was scared, so scared I could barely talk, I finally took a deep breath and then I felt ready to go ahead in that discussion…
“Yes dad. I’m sure you know it quite well. I’m going with Shikamaru.” I made sure he understood the higher tone in I’m going because I was still decided to go and he wouldn’t stop me.
“You don’t know how life is! How hard it is to survive! You’re just a child Temari!” he continued right after my confession like he didn’t hear me. “ I always knew that you were immature and with no sense at all but this is beyond all my expectations! … Wait…” he realized finally what I said… “What did you say?”
“I…” I started again. “I’m going… with him…” My voice failed in the last part and my father’s face started to turn red just like a tomato… Maybe I wasn’t as mighty as I liked to look but still I was looking at him straight in the eyes, I was not trying to challenge him or something but that was my way to look at the people, I just couldn’t help it… I could feel his anger growing in each breathing he took and I was afraid he couldn’t hold it, yes, I was afraid that my dad would just be mad enough to beat the crap out of me! It wouldn’t be the first time. I heard the door keys… Gaara and Kankuro arrived home and I never felt so happy to see them!
«Shit…» I first thought «Saved by the jerks!»
In the right moment they closed the door and said hi to father he just punched the wall with all his strength not making a hole but opening a fend that got like crazy ‘til the ceiling! My brothers were staring perplexes…
“I never thought you’d be so stupid! But now I know it! You’re just as stupid and immature as your mother! Just like her!” he kept yelling. Dad was trying to piss me off talking trash about my mother and he was almost achieving his goal… Gaara and Kakuro just went upstairs to their room… they didn’t want to get involved.
“What did you say?” I never had a great relationship with my father… he was always complaining about everything I did and sometimes it seemed that he wasn’t happy with me, he wanted me to be perfect… He wanted me to be a boy... And I was a girl, so I was always put aside… He wanted his first child to be a son and not a daughter…
“You heard it! You’re just as stupid as your mother! Immature, selfish, just a little girl! And you say you’re nineteen when you act like you’re ten?” his cheeks were so red he could explode. At first I didn’t want to believe in his words… How could he dare to talk like that about my mother?! I looked at him with eyes like fire balls.
“How dare you? …” I mumbled looking at the floor.
“I’m sorry?” he said “What did you say?”
“I said…” I made a pause and then yelled “How dare you?! You talk about my mom like she was nothing but trash!”
“Watch your tongue young girl!” he yelled louder than me. “I’m still you farther”
“I know! But that doesn’t give you the right to talk trash about my mom! I don’t care if you’re my father! You could even be the Higher Priest or God!” my hands were shaking cold; I never faced my dad like that before.
“I knew that we should get rid of you the moment you were born!” he made a convulsing pause and I looked into his eyes with the devil in my soul. “You’ insolent child! You don’t have the minimal idea of what you’re doing to your life!” he started walking at me.
“Dad!” I yelled sure of myself “I’m totally sure of what I’m doing with my life, I’m totally sure of what I’m saying… And I don’t think I can stand one more week in this damn place! I’m 18, you can’t stop me from doing what I want!”
“I guess you’re right… I can’t stop you from ruining your life! For fuck sake! You’re 18 and your dating a guy 6 years older than you! You think his all in love but he’s just want to eat you up! Don’t be stupid!” He look straight into my eyes, I bet that he noticed the tears he made me drop. “You said that I can’t talk about your mother but you’re just like her! Stupid, Selfish, without common sense to make choices!”
“Perhaps she was actually kind off to dumb to choose such a dick like you! You’re right!” I said in order to make fun of him…
He didn’t answer for a while and then said in a low tone.
“Yes… and I don’t want you to make the same mistakes…” he sat down in the sofa. For some reason I started feeling bad and guilty for the things I’d said…
“I just…” he started while hiding his face in his hands. “I just want you to have a great life… I don’t want you to get hurt or sad…”
“I… I ‘m sorry dad.” I continued with that heavy feeling inside me. “I didn’t mean that…”
“You know that I love you sweetheart…”
“I understand dad… But even so…” I just had to put my own decisions first… my own needs…
“Hey…” He said. I threw my bag to the couch and I sat beside him.
“Is everything okay?”
“What the fuck are those bags in your bed?!” he screamed.
«Holy Shit…» I thought, my dad was mad, very mad.
“Oh…” I started “I was planning to tell you…”
“When?!” he interrupted me “By the time you left home?” he punched the couch and I get up instantly. He was scaring me.
“No father… Today! I-I was just waiting to Gaara and Kankuro to arrive home…” my hands were shaking a little, I was nervous about his reaction.
“Tell me now… It’s better for you!” he said in a low tone while getting up of the sofa. I look him in the eyes and I said firmly.
“I’m going to New York.” My dad blinked twice.
“You what? Sorry but I didn’t hear it well…” I knew he was about to get mad, his pupils were in dilatation, he was becoming possessed by anger…
“I am going… to New York…” I repeated slowly.
“No way!” he yelled “There’s no way your going to New York! When had you decide that? Without even asking me for an opinion!”
“I started planning it a month ago…” I was terrified, my voice was trembling and so were my hands, they’re as cold as ice.
´”Stupid girl!” he cracked his fingers “Who do you think you are to take that kind of decisions? And let me guess! I almost know with who were you going with!” I was scared, so scared I could barely talk, I finally took a deep breath and then I felt ready to go ahead in that discussion…
“Yes dad. I’m sure you know it quite well. I’m going with Shikamaru.” I made sure he understood the higher tone in I’m going because I was still decided to go and he wouldn’t stop me.
“You don’t know how life is! How hard it is to survive! You’re just a child Temari!” he continued right after my confession like he didn’t hear me. “ I always knew that you were immature and with no sense at all but this is beyond all my expectations! … Wait…” he realized finally what I said… “What did you say?”
“I…” I started again. “I’m going… with him…” My voice failed in the last part and my father’s face started to turn red just like a tomato… Maybe I wasn’t as mighty as I liked to look but still I was looking at him straight in the eyes, I was not trying to challenge him or something but that was my way to look at the people, I just couldn’t help it… I could feel his anger growing in each breathing he took and I was afraid he couldn’t hold it, yes, I was afraid that my dad would just be mad enough to beat the crap out of me! It wouldn’t be the first time. I heard the door keys… Gaara and Kankuro arrived home and I never felt so happy to see them!
«Shit…» I first thought «Saved by the jerks!»
In the right moment they closed the door and said hi to father he just punched the wall with all his strength not making a hole but opening a fend that got like crazy ‘til the ceiling! My brothers were staring perplexes…
“I never thought you’d be so stupid! But now I know it! You’re just as stupid and immature as your mother! Just like her!” he kept yelling. Dad was trying to piss me off talking trash about my mother and he was almost achieving his goal… Gaara and Kakuro just went upstairs to their room… they didn’t want to get involved.
“What did you say?” I never had a great relationship with my father… he was always complaining about everything I did and sometimes it seemed that he wasn’t happy with me, he wanted me to be perfect… He wanted me to be a boy... And I was a girl, so I was always put aside… He wanted his first child to be a son and not a daughter…
“You heard it! You’re just as stupid as your mother! Immature, selfish, just a little girl! And you say you’re nineteen when you act like you’re ten?” his cheeks were so red he could explode. At first I didn’t want to believe in his words… How could he dare to talk like that about my mother?! I looked at him with eyes like fire balls.
“How dare you? …” I mumbled looking at the floor.
“I’m sorry?” he said “What did you say?”
“I said…” I made a pause and then yelled “How dare you?! You talk about my mom like she was nothing but trash!”
“Watch your tongue young girl!” he yelled louder than me. “I’m still you farther”
“I know! But that doesn’t give you the right to talk trash about my mom! I don’t care if you’re my father! You could even be the Higher Priest or God!” my hands were shaking cold; I never faced my dad like that before.
“I knew that we should get rid of you the moment you were born!” he made a convulsing pause and I looked into his eyes with the devil in my soul. “You’ insolent child! You don’t have the minimal idea of what you’re doing to your life!” he started walking at me.
“Dad!” I yelled sure of myself “I’m totally sure of what I’m doing with my life, I’m totally sure of what I’m saying… And I don’t think I can stand one more week in this damn place! I’m 18, you can’t stop me from doing what I want!”
“I guess you’re right… I can’t stop you from ruining your life! For fuck sake! You’re 18 and your dating a guy 6 years older than you! You think his all in love but he’s just want to eat you up! Don’t be stupid!” He look straight into my eyes, I bet that he noticed the tears he made me drop. “You said that I can’t talk about your mother but you’re just like her! Stupid, Selfish, without common sense to make choices!”
“Perhaps she was actually kind off to dumb to choose such a dick like you! You’re right!” I said in order to make fun of him…
He didn’t answer for a while and then said in a low tone.
“Yes… and I don’t want you to make the same mistakes…” he sat down in the sofa. For some reason I started feeling bad and guilty for the things I’d said…
“I just…” he started while hiding his face in his hands. “I just want you to have a great life… I don’t want you to get hurt or sad…”
“I… I ‘m sorry dad.” I continued with that heavy feeling inside me. “I didn’t mean that…”
“You know that I love you sweetheart…”
“I understand dad… But even so…” I just had to put my own decisions first… my own needs…
Airplanes [Trailer teaser]
N/A: I was listening the song Airplanes and I had that feeling that I had to write something with it so I made up this hole fanfic (in like... 5 minutes) and I'm writing it down ^^ Hope You like =D Here's the trailer, like a little preview so I can know what you guys think ^^
Try to imagine it like a movie in your head... The main characters are Temari, Shikamaru from Naruto.
2nd June, 2009
"Yes baby and now it's just you and me…"
A Year later…
7th August, 2010
*Shikamaru's cell phone starts ringing*
"Hey baby girl! What's up?"
"You finally picked up! I'm so happy…"
"Sorry hon' I was kinda busy you know…"
"It doesn't matter. I just wanted to know if you…"
"Shikamaru?"
"Hold on a second babe."
"Okay…"
"Hey , What the problem?"
"No problem founded. I wanted to know if I can count with you tonight at my private party to deal the final contract with the music producer…"
"Of Course I'll be there."
"Good… See ya later then."
"See ya. Honey are you there?"
"Your girlfriend doesn't mind that you're out all day and night?"
"No Ino… She a sweetie I have to admit…"
"And… She's not afraid that you could cheat on her?"
"She has plain trust in me! So no… She's not afraid of that… She knows I love her more than everything…"
"Hm…But… with such… an handsome boyfriend… I would be afraid… *whispering* If it was me I would never let you go…
*Singing in front of the wall window looking to the sky*
"Can we pretend that airplanes in the night sky are like shooting stars? I could really use a wish right now… Wish right now… Wish right now…"
"Five years together and everything's the same!"
"Calm down Temari… You know he's full of work…"
"Full of work my ass Sakura! He's joking around joining every party with sluts around him and I'm supposed to be calm? Every time he comes home it's already 3 or 4 a.m…"
"Wow… I didn't know things were that bad…"
"Yeah… Normally that part nobody knows…"
"I'M TIRED OF THIS SHIT!"
"Calm down baby…"
"I just can't! You are out all time! I don't even remember the last night we share that bed! Even in our birthday you were out… Five years and it's this?"
"Do you think it's easy for me? It's my job! I'm paid for that!
(…)
"One day you'll come back home and I won't be here anymore… Maybe in that day you'll miss me…"
"I love her! I really do! But sometimes she just doesn't understand…"
"She's too naïve… She doesn't even belong to this world…Maybe you should seek another girl… and forget her…"
(…)
"Why did you kissed me?"
"I just couldn't resist… Sorry…"
"Kiss me again girl!"
*Singing* "I could really use a wish right now…
Wish right now,
Wish right now…
Try to imagine it like a movie in your head... The main characters are Temari, Shikamaru from Naruto.
I DO NOT OWN THE CHARACTERS (they belong to MASASHI KISHIMOTO)
2nd June, 2009
"I'm going to New York with him!"
"No you ain't!"
"Dad… I've already sent the papers to New York Fashion Institute… So… I'm going!"
(...)
"This is a dream!"
"No you ain't!"
"Dad… I've already sent the papers to New York Fashion Institute… So… I'm going!"
(...)
"Yes baby and now it's just you and me…"
***********
A Year later…
7th August, 2010
*Shikamaru's cell phone starts ringing*
"Hey baby girl! What's up?"
"You finally picked up! I'm so happy…"
"Sorry hon' I was kinda busy you know…"
"It doesn't matter. I just wanted to know if you…"
"Shikamaru?"
"Hold on a second babe."
"Okay…"
"Hey , What the problem?"
"No problem founded. I wanted to know if I can count with you tonight at my private party to deal the final contract with the music producer…"
"Of Course I'll be there."
"Good… See ya later then."
"See ya. Honey are you there?"
"Hey…"
"What were you saying?"
"Oh never mind… It doesn't really matter…"
"Okay… Look I have a work thing tonight… So I'm going to be late and I'll not have dinner sweetheart…"
" *sigh* Okay… See you later… Kisses…"
"Bye."
*Turns off the phone*
" *sigh* I love you…"
"What were you saying?"
"Oh never mind… It doesn't really matter…"
"Okay… Look I have a work thing tonight… So I'm going to be late and I'll not have dinner sweetheart…"
" *sigh* Okay… See you later… Kisses…"
"Bye."
*Turns off the phone*
" *sigh* I love you…"
**********
"Your girlfriend doesn't mind that you're out all day and night?"
"No Ino… She a sweetie I have to admit…"
"And… She's not afraid that you could cheat on her?"
"She has plain trust in me! So no… She's not afraid of that… She knows I love her more than everything…"
"Hm…But… with such… an handsome boyfriend… I would be afraid… *whispering* If it was me I would never let you go…
**********
*Singing in front of the wall window looking to the sky*
"Can we pretend that airplanes in the night sky are like shooting stars? I could really use a wish right now… Wish right now… Wish right now…"
**********
"Five years together and everything's the same!"
"Calm down Temari… You know he's full of work…"
"Full of work my ass Sakura! He's joking around joining every party with sluts around him and I'm supposed to be calm? Every time he comes home it's already 3 or 4 a.m…"
"Wow… I didn't know things were that bad…"
"Yeah… Normally that part nobody knows…"
**********
"I'M TIRED OF THIS SHIT!"
"Calm down baby…"
"I just can't! You are out all time! I don't even remember the last night we share that bed! Even in our birthday you were out… Five years and it's this?"
"Do you think it's easy for me? It's my job! I'm paid for that!
(…)
"One day you'll come back home and I won't be here anymore… Maybe in that day you'll miss me…"
**********
"I love her! I really do! But sometimes she just doesn't understand…"
"She's too naïve… She doesn't even belong to this world…Maybe you should seek another girl… and forget her…"
(…)
"Why did you kissed me?"
"I just couldn't resist… Sorry…"
"Kiss me again girl!"
**********
*Singing* "I could really use a wish right now…
Wish right now,
Wish right now…
END
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